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SAFiel é lançada oficialmente com proposta de transformação no Corinthians

Publicada em: 28/10/2025 15:00 -

 

Nesta terça-feira, 28 de outubro de 2025, foi lançado oficialmente o projeto SAFiel, sigla para Sociedade do Povo, que propõe a transformação do Corinthians em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) com participação direta da torcida.

O evento ocorreu no Museu do Futebol, em São Paulo, reunindo jornalistas, conselheiros, torcedores e convidados. O presidente do clube, Osmar Stabile, havia sido anunciado como possível participante, mas não compareceu.

A proposta foi entregue simbolicamente a conselheiros e associados, com o compromisso de protocolo formal no Parque São Jorge ainda no mesmo dia. O momento é estratégico: o Conselho Deliberativo do Corinthians discute atualmente uma reforma estatutária que pode definir os rumos do modelo de SAF dentro do clube.

Os idealizadores da SAFiel alertam que a redação atual da reforma, se aprovada, poderá inviabilizar o modelo que defendem, limitando a aplicação plena de sua proposta de governança participativa.

Idealizadores e estrutura do projeto

O projeto vem sendo amadurecido há meses, com participação ativa de torcedores, jornalistas e influenciadores. Todo o conteúdo técnico — incluindo um “livro técnico” e uma carta de propósitos — está disponível no site oficial do movimento.

Os principais nomes à frente da SAFiel são:

  • Carlos Teixeira — CEO do projeto

  • Maurício Chamati — Diretor de tecnologia; fundador do Mercado Bitcoin, com experiência no mercado financeiro e criptoativos

  • Eduardo Salusse — Diretor jurídico

Durante o evento, os três apresentaram a estrutura, os fundamentos técnicos e a missão da SAFiel. Todos reforçaram que não têm interesse em cargos ou controle político no clube. O objetivo declarado é colaborar como torcedores, e não como investidores externos.

(Foto: André da Silva Costa/Gazeta Press)

Proposta central e modelo sugerido

Separação entre clube social e futebol

A SAFiel propõe a criação da empresa Invasão Fiel S/A, que reuniria todos os ativos relacionados ao futebol, masculino, feminino, categorias de base, direitos de imagem, patrocínios e licenciamentos.

O clube social permaneceria independente, recebendo royalties mensais da SAF para custear suas atividades.

Estrutura acionária e participação da torcida

O modelo prevê duas classes de ações:

  1. Com direito a voto: destinadas a torcedores investidores (sócios ou vinculados ao programa Fiel Torcedor).

  2. Sem direito a voto: voltadas a investidores institucionais, que aportariam recursos sem interferência administrativa.

Há ainda um mecanismo de limitação de poder: nenhum acionista poderá votar com mais de 1,8% do capital social, mesmo que possua participação maior. A medida visa impedir concentração de poder.

Captação de recursos e aplicação

O objetivo inicial é captar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 2,5 bilhões, destinados a:

  • Quitar dívidas do Corinthians (inclusive da arena)

  • Modernizar infraestrutura e centros de treinamento

  • Fortalecer o elenco e a base

  • Reestruturar a gestão e operações

Nos primeiros cinco anos, não haveria distribuição de dividendos. Todo o lucro seria reinvestido no clube, e o retorno dos investidores viria da valorização das ações à medida que o Corinthians se fortalecesse financeiramente.

Governança e fiscalização

O modelo prevê a criação de quatro conselhos:

  • Administrativo

  • Fiscal

  • Cultural

  • Comitê de Governança

Esses órgãos teriam gestores independentes e representantes da torcida, das organizadas e do Parque São Jorge.
A gestão seria baseada em metas de desempenho, com contratação e desligamento de executivos pautados por resultados.
Além disso, auditorias externas regulares garantiriam transparência e credibilidade.

Propósito e valores

Os idealizadores destacaram que o propósito da SAFiel é ajudar o Corinthians a reencontrar seu caminho sem perder sua alma popular.
Os pilares do projeto são:

  • Transparência e governança

  • Participação direta da torcida

  • Respeito à história e ao símbolo do clube

  • Autonomia e sustentabilidade de longo prazo

Foi também anunciada a criação de um superapp para o sócio-torcedor, permitindo acompanhar metas esportivas e financeiras — uma forma de aproximar ainda mais o torcedor das decisões estratégicas.

Desafios, críticas e riscos

Reforma estatutária

Os idealizadores afirmam que o atual texto da reforma estatutária contém dispositivos que inviabilizam o modelo SAFiel, especialmente os que impedem que investidores externos tenham controle majoritário.
Eles argumentam que, se o clube insistir em manter o controle da maioria das ações, afastará investidores sérios e institucionalizados.

Resistência interna e falta de diálogo

A ausência do presidente Osmar Stabile foi interpretada como falta de engajamento.
O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, também não respondeu às tentativas de contato recentes.
Os idealizadores reconhecem que ainda não conseguiram construir todas as pontes políticas necessárias dentro do clube.

Trâmites e viabilidade financeira

O projeto prevê assinatura de um memorando de entendimentos, seguido de submissão ao Conselho Deliberativo, mas sem prazo definido.
A captação bilionária proposta exigirá confiança do mercado em relação à governança e segurança jurídica.
A limitação de poder de voto e a ausência de dividendos iniciais podem afastar investidores de curto prazo, mas os idealizadores acreditam na força da torcida como diferencial.

O que foi dito no evento

Carlos Teixeira, CEO do projeto, reforçou que a SAFiel nasceu de torcedores, sem vínculos políticos ou econômicos, e lamentou a ausência de Stabile, que havia confirmado presença.

Maurício Chamati destacou que a SAFiel é um “pacto com o Parque São Jorge”, e não uma transação financeira:

“Quando começamos, era 99% impossível; hoje diria que é 50%, 45%, 40% possível.”

Eduardo Salusse, responsável pela área jurídica, explicou o modelo de ações e governança, destacando que, com apoio interno, o estatuto pode ser modificado para permitir a implantação.
Segundo ele, o estatuto atual do Corinthians contém ambiguidades e contradições, e o sucesso do projeto dependerá da vontade política.

Potencial impacto para o Corinthians e sua torcida

Se implementado com sucesso, o projeto SAFiel poderá representar:

  • Saneamento financeiro e redução de dívidas

  • Gestão profissionalizada e metas claras

  • Participação direta da torcida nas decisões

  • Fortalecimento da identidade popular do clube

  • Valorização dos ativos esportivos e retorno econômico sustentável

 

Mais do que um modelo de SAF, a SAFiel se apresenta como uma tentativa de revolução democrática no futebol brasileiro, uma proposta que busca transformar o Corinthians de dentro para fora, mantendo viva a essência do clube mais popular de São Paulo.

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