Angela Maria Diniz Gonsalves, ou simplesmente Angela Ro Ro, nasceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1949. Cantora, compositora, pianista, mas, acima de tudo, alma viva da música brasileira. Sua voz rouca, que lhe rendeu o apelido “Ro Ro” ainda na infância, ecoa como um sussurro de coragem e autenticidade na história da MPB.

Ro Ro não foi feita para seguir regras. Ela as quebrou, reconstruiu e cantou cada uma delas. Em plena ditadura, foi embora para a Europa com a coragem de quem não sabia se voltaria. Lavou pratos, limpou hospitais e soprou sua gaita no disco "Transa" de Caetano Veloso, em Londres. Voltou ao Brasil para cantar sua dor e sua paixão com intensidade rara.

Com seu primeiro álbum, Angela Ro Ro (1979), ela se eternizou. Nele, canções como “Amor, Meu Grande Amor”, “Gota de Sangue” e “Agito e Uso” cravaram seu nome na elite da música nacional. Poucos artistas conseguem colocar tanta alma em uma melodia. Ro Ro sangra em cada acorde, em cada verso.

E não foi apenas na música que ela se destacou. Angela sempre viveu à flor da pele, com escândalos, paixões intensas, brigas públicas, vícios e superações. Enfrentou o preconceito com peito aberto, falou de amor entre mulheres quando o país ainda engatinhava na discussão da diversidade. E mesmo quando a imprensa tentou reduzi-la a seus dramas, ela respondeu com arte.

Ao longo das décadas, foram discos, shows, tributos e renascimentos. Em meio a perdas e recomeços, ela continuou a cantar firme, honesta, vulnerável... Uma mulher que perdeu muito, mas jamais perdeu sua essência.

Hoje, Angela Ro Ro vive um momento delicado de saúde, precisando de cuidados e, infelizmente, enfrentando também dificuldades financeiras. A artista que embalou gerações com sua dor transformada em música vive agora um momento delicado.

Mas, como ela mesma cantou em um de seus versos mais marcantes:
"Nada mais me dá prazer que te ver sorrir depois de tanto sofrer..."

Nós, que a ouvimos, que nos emocionamos com suas canções, devemos a ela muito mais do que aplausos, devemos respeito, reconhecimento e amor. Angela Ro Ro é patrimônio da nossa música. E enquanto existir alguém cantando sua verdade, ela continuará viva.

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